Hoje ainda ouvi...
- Maike Cabral dos Santos
- 18 de set. de 2017
- 2 min de leitura
E hoje ainda ouvi: homens pensam de maneira separada, como se possuíssem vários compartimentos em seu cérebro. Mulheres, ao contrário, tem apenas um compartimento, onde tudo se manifesta por inteiro. Se puxares a palavra “sexo” em um cérebro feminino, virá atrelada à palavra “amor”, logo, para elas, sexo e amor andam juntos. Homens não. Separam muito bem as duas palavras, e, por consequência do que ouvi, deveria compreender que homens podem ter relações sem amor, ao contrário das mulheres. Não sei em que mundo vivem as pessoas que insistem em reproduzir ideias conservadoras, disfarçadas de progressistas. Imagino que em seu próprio mundo, mas não no mundo real. Eu conheço um pouco de “gente”. Todos os dias vejo pessoas rompendo ideias, mudando pensamentos e ações, transpondo barreiras. Mulheres que buscam “sexo” e esquecem do rosto de seu parceiro cinco minutos após o encontro. Homens sensíveis, que se apaixonam no primeiro toque. Gente de verdade, que tem direito à individualidade. Gente que tem asas e que sabe voar. Traz-me perplexidade ouvir isso nos dias de hoje, por pessoas de renome, que continuam a reproduzir estereótipos que geram enormes consequências na vida das pessoas. O ser humano não está condicionado a nenhum rótulo. Seu pensamento e capacidade de criação vão muito além de seu sexo, idade ou etnia. Devemos parar de tentar justificar biologicamente nossas convicções a respeito da vida e das pessoas. Inventamos teorias totalmente parciais, a fim de justificar nossa visão de mundo. Absurdos são ditos todos os dias, estimulando a doutrina que nos impõe a supremacia de uns sobre os outros. Cortamos as asas das pessoas quando decidimos o que elas podem ou não ser. Afinal, o primeiro passo para qualquer conquista é acreditar ser possível. Esse bombardeio diário de teorias ditas científicas devem ser questionadas e jamais engolidas como certeiras. Quem já não ouviu que homens tem maior capacidade espacial porque caçavam para sobreviver, enquanto mulheres maior capacidade de organização porque ficavam nas cavernas em tempos pretéritos. Homens maior inteligência racional, enquanto mulheres inteligência emocional e fluência verbal. Será que não seria mais interessante pensarmos em como educamos nossos meninos e meninas nos dias de hoje? Será que a liberdade e estímulo são iguais? Apenas faço um alerta para a necessidade de rechaçarmos ideias que nos tiram nossa essência, de seres humanos magníficos, consciências essencialmente livres, em que a beleza está justamente na incrível capacidade de superação.
Renata Feltrin
